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sábado, 4 de novembro de 2006

Curioso...

Texto de Affonso Romano de Sant'Anna

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos.É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados.Crescem sem pedir licença à vida... Crescem com uma estridência alegre, e, às vezes, com alardeada arrogância.Mas não crescem todos os dias de igual maneira.Crescem de repente... Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldasdaquela criatura.Onde é que andou crescendo aquela (e) danadinha (o) que você não percebeu?Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do maternal?A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil... E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça!Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes sobre patins e cabelos longos, soltos.Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com o uniforme de sua geração:incômodas mochilas da moda nos ombros.Ali estamos, com os cabelos esbranquiçados.Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas. E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros.Principalmente com os erros que esperamos que não repitam.Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos.Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas. Passou o tempo do ballet, do inglês,da natação e do judô. Saíram do banco de tráse passaram para o volante de suas próprias vidas. Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância,e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, pôsteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores. Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao Shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas,não lhes compramos todos os sorvetes e roupasque gostaríamos de ter comprado.Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto. No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais,páscoas, piscina e amiguinhos.Sim, havia as brigas dentro do carro,a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim.Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento,pois era impossível deixar a turmae os primeiros namorados. Os pais ficaram exilados dos filhos.Tinham a solidão que sempre desejaram,mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes". Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito (nessa hora, se a gente tinha desaprendido,reaprende a rezar)para que eles acertem nas escolhas em busca de felicidade.E que a conquistem do modo mais completo possível. O jeito é esperar... qualquer hora podem nos dar netos.O neto é a hora do carinho ocioso e estocado,não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco.Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho.Os netos são a última oportunidade de re-editar o nosso afeto.Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam. Aprendemos a ser filhos depois que somos pais... “Só aprendemos a ser pais depois que somos avós...”

Recebi esse texto de minha sobrinha, a Juliana. Ela me garantiu que eu adoraria...
Ele me fez ver que não quero saber se no futuro serei orfã de filhos mais ainda do que hoje eu sei. Não criamos os filhos para que fiquem conosco pelo resto de nossos dias, mas esperamos que não nos deixe no desalento, pelo menos.
No futuro não terei arrependimentos pois à noite me deito com os menores que dormem mais cedo, conto estórias, leio gibis, brinco de sombras na parede... até que eles dormem...
Com o Fê sempre fiz isso, mas agora, adolescente apenas conversamos... longas conversas regradas com risos...
A verdade? Me sinto aliviada quando vou pegar o Fê em algum lugar e sinto sua presença alegre e ao mesmo tempo séria, alheio aos meus piores pensamentos egoistas.
A verdade? Aprendi a ser filha a partir da primeira gravidez... Passei a ser tão amorosa com meus pais, tão surpreendentemente Mulher-Maravilha, que faço até hoje por vezes incontáveis o papel de mãe de quase todo mundo.

Agora que estou dona de casa, tenho tempo para refletir e rever assuntos velhos e começar os novos.
Meu marido me elogia dizendo como sou uma mãe maravilhosa e tal...
Minha sogra diz que faço errado...
Minha mãe, óbvio fica de meu lado...
Meus filhos?
Simplesmente me amam...

7 comentários:

Anônimo disse...

Silvia,
Acho que vc deve ser mesmo grudenta com seus filhos mas garanto a vc que isso só os prejudica. Meus pais me deram atenção demais, se preocuparam demais com tudo e me davam tudo oq eu queria... Me meti com drogas e hj estou bem, mas graças a mim mesmo.
Procure deixá-los mais independentes. Pelo menos não são filho único como eu.
Abraço, gostei do seu blog.

Morg Ana disse...

Silvia, ainda não tenho filhos, e fico observando minha mãe, minha sogra, minhas amigas e colegas e seus relacionamentos com suas respectivas proles *rs* É tão bonito! É claro que tudo tem seus prós e contras, mas creio que vale a pena mesmo passar por essa experiência que é para a vida toda, não?

Que Deus abençoe a voce e a sua família, sempre!

Beijos!

se melhorar estraga disse...

Olá José Eduardo.
Fico contente que tenha gostado do blog, mas qto a seu comentário, não percebo os fatos da mesma maneira que vc, pois meu maridonão teve tanto amor e dedicação de sua mãe e seu pai é alcoolatra, que somente há pouco tempo conseguiu se abster do vício. Ele cresceu em meio a discordia. Eu ao contrário aprendi que o Amor cura tudo. Nem ele ou eu nos entregamos a qualquer tipo que seja de vício. Somos de uma classe social que possui tv a cabo e internet em casa, mas não somos ricos a ponto de dar tudo oq meus filhos querem. Mas oq oferecemos a eles parece ser o bastante. O Amor incondicional. Abraço.

se melhorar estraga disse...

Olá querida Guenyfar...
Os filhos vêm com naturalidade aos nossos braços... e com total desvelo os criamos. Que Deus abençoe vc tbém, e aproveitando Adorei seu Blog.

H K Merton disse...

Parabéns! parabéns! parabéns! parabéns! parabéns! parabéns! parabéns! parabéns! parabéns! parabéns! parabéns! parabéns! parabéns!..

)O(Lua Nua)O( disse...

Também aprendi a ser filha depois de ser mãe e agora sou mãe, porque já sou vó kkkkk que confusão!!!!

Tenho um texto que adoro do Affonso Romano de Sant'Anna, mas não fala de filhos e é um tanto ou quanto pesado para deixá-lo aqui para você. Talvez um dia eu o coloque no meu blog, afinal de contas ele é eclético e tem seus vários lados como eu.

Sempre pensei que não gostaria de ouvir dos meus filhos o que o José Eduardo tão dura e verdadeiramente falou: o excesso não é bom para os filhos, só o amor que podemos dar um pouquinho a mais.

Beijos querida

se melhorar estraga disse...

Merton, obrigada, obrigada, obrigada,obrigada, obrigada, obrigada,obrigada, obrigada, obrigada,obrigada, obrigada, obrigada,obrigada...


Lua, querida...
Me mande o texto se puder para meu e-mail, silviaestevam@gmail.com, e novamente te agradeço por preencher meu dia com suas sábias palavras. Bjs no coração.