Minha mãe tem um problema... Já está com idade avançada e não consegue perceber.
Não consegue fazer o serviço de casa, não consegue sequer cuidar de sí própria, quanto mais de outras pessoas... mas se revolta.
Não consegue viver um só dia sem reclamar de como acordou, de como passou o seu dia, de como dormiu à noite... Não consegue nem mesmo deixar de reclamar dos outros.
Minha mãe tem um problema de não enxergar que Deus em sua infinita sabedoria não deixa que nem mesmo uma folha caia da árvore sem que seja permitido por Ele.
Não adianta pedir... nem esperar que vá ao médico... ela simplesmente não quer. Reclama que não a entendemos... Mas eu tenho um problema muito grande.
Como filha não compreendo como ela não percebe o quanto a amo e fica difícil lembrar-me daquela que era invencível até nas piores horas, daquela que andava vários quarteirões para chegar às lojas do centro da cidade por gostar de andar. Aquela que me ensinou a ser uma super mãe e uma super filha.
Essa mulher corajosa parece ter medo para lutar e agir. Prefere benzimentos a ir ao médico... prefere se arrastar nos dias afastando as pessoas com seu temperamento difícil.
Levei-a ao médico sob protestos, pois dizem que ela tem um certo receio de mim. O médico disse que é necessário tomar os remédios e se não melhorar em dois dias retornar...
Hoje seria seu retorno... Ela veio e me disse que foi benzer e vai usar um certo chá que agora não me recordo o nome.
Eu disse a ela que às vezes temos que escolher por nós mesmos, se tivermos condições.
Mas às vezes se faz necessário que outras pessoas escolham por nós.
Hoje darei o direito de escolha para você... Amanhã ou um dia próximo, escolherei novamente por nós duas e se possível com todos os outros que formam minha família não tão unida quanto deveria ser, a não ser em épocas sombrias, ocasião em que nos unimos e esquecemos as diferenças e lembramos do Amor que nos une... mesmo que delicadamente.
Meu pai, sofre mais que todos... ele não sabe o que fazer e espera que alguém tome a dianteira. É um bom homem, e como uma criança fala mais do que pensa...
Não me irrito com eles.
Fico chateada por deixarem as coisas ficarem assim.
Não ligo de cuidar deles, já o fiz outras vezes, juntamente com minha irmã e cunhada, e o faria mesmo sem ajuda. MAs para isso é necessário a aceitação de minha mãe.
Precisa aceitar que não pode mais seguir sozinha com meu pai, e que meu pai não pode mais seguir sozinho com ela.
Precisa entender que os amamos muito, mas não cabe mais a eles fazerem suas próprias escolhas... Não quando já não dão conta.
O que faríamos de pior por eles?
Mas sobretudo, o que faríamos de melhor por eles?
Farei sempre o necessário e um pouco mais... pelo simples fato de ser grata por tudo... e de amá-los com todo o meu ser.
Beijos.
4 comentários:
Isso é que eu chamo de problema.
Isso é que eu chamo de desafio.
Isso é que eu chamo de dádiva.
Isso é que eu chamo de oportunidade para alguém tão grande quanto você mostrar a que veio.
Minha família é completamente desunida. Não tenho nenhum contato com tios, tias e primos. Não conheci meus avós. Talvez por isso eu seja aquilo que chamam de 'pãe' (pai e mãe ao mesmo tempo). Dou a vida por meus filhos, e também por minha esposa alma gêmea, por que são tudo que eu entendo por família.
A sua cruz está pesando nos seus ombros, agora. Dê graças, porque Ele existe, e só dá provas duras para aqueles que mais ama.
Estou mentalizando por sua mãe. Peça por ela, com fé, e você será atendida. Se eu puder ajudar em alguma coisa, conte comigo.
Abraço na alma.
Não tenho palavras para agradecer a vc, meu amigo. Espero que sempre continue me encorajando dessa maneira com palavras sábias e verdadeiras.
Abraço.
Como filha não compreendo como ela não percebe o quanto a amo e fica difícil lembrar-me daquela que era invencível até nas piores horas
Desculpa confessar, mas quando li essa parte as lágrimas sairam sem ao menos eu chorar. Me tocou profundamente.
Merton acertou na mosca - DESAFIO
Não está nos nossos planos de vida envelhecer, por isso nunca sabemos o que fazemos quando "isso" chega.
Um dia saí do MS para estar com minha filha em SC no aniversário dela de 15 anos (ela morou 2 anos com minha irmã). Dois dias depois, "sem avisar a ninguém", meu pai faleceu. Seu coração apenas parou. Ele era jovem, 66 anos. Lembro que uma frase vem e volta sempre na minha cabeça: "felizes dos que podem enterrar seus mortos". Não pude enterrar meu pai, não consegui avião para chegar a tempo. Minha mãe não quis viver só e 4 anos e meio depois foi para onde ele estava.
O que dói mais? Ver os pais envelhecerem ou perdê-los jovens? Não sei, não vi os meus envelhecendo...
Mas, mesmo assim senti a dor da sua frase ali em cima.
Não posso te ajudar muito, a não ser mentalizando mil luzes a te fortalecer. É o que faço agora.
Beijos
Obrigada Melanie. Por favor, continue me ajudando com mentalizações e com suas palavras que me fortalecem... Bjs.
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