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segunda-feira, 26 de novembro de 2007

A recuperação (parte 4)

Foi lenta sua recuperação. Era necessário calma pois a reabilitação completa dessa mulher forte, dependia exclusivamente da boa alimentação, remédios e vontade.
Embora sua voz temporariamente fosse apenas uma vaga lembrança, logo virou um sussurro quase que inaudível para , algum tempo depois desabrochar novamente. A luta foi contínua e árdua.
Houve momentos de lutas e glória na vida deles. Ainda há, pois enquanto houver vida haverá lutas...
Logo depois ao nascimento do Felipe fomos morar sozinhos. O bairro era afastado, ficando longe tanto de uma sogra quanto de outra. Achávamos que com isso aprenderíamos a nos conhecermos melhor e a cuidarmos do sozinhos e do nosso jeito.
Vivíamos razoavelmente bem, mas o ciúme e a desconfiança rondavam o meu coração. Por mais que eu amasse o Alexandre, sempre via com desconforto o quanto ele era diferente de mim, e não entendia como poderia acontecer isso. Havia ainda para mim a possibilidade dele ter herdado hábitos de seu pai, que era mulherengo, alcoólatra e jogador compulsivo.
Não raramente me pegava pensando se ele não seria assim também, principalmente mulherengo.
Passei a ser uma pessoa obcecada por seu dia a dia. Telefonava várias vezes e em horas alternadas para que ele não soubesse da intenção que tinha de pegá-lo em algum deslize. Mas é claro que ele já sabia. Tínhamos discussões horríveis. Nos atacávamos verbalmente e constantemente, eu mais que ele. Não sei como sobrevivemos àquela época. Apenas uma explicação encontro para estarmos juntos até hoje: Seu grande amor por mim.
Eu era tão insuportável quanto minha mãe e minha irmã Ana eram com seus maridos.
Não sei a que horas, nem mesmo a partir de que momento comecei a perceber a semelhança sutil, ou não tão sutil assim, que existia entre nós, mas me lembro de ter pensado um dia, conversando com meu irmão Nilton, que precisava mudar para meu próprio bem e para o bem do Felipe e de meu marido. Aliás ele nunca me dava motivos para imaginar aquelas coisas que só faziam parte de minha cabeça. Ele saia de casa para trabalhar e voltava sempre nos horários programados. Não havia motivos para todo aquele sofrimento. Toda aquelas discussões que não levava a nada... Apenas mágoas.
Outro dia li uma frase que dizia assim: "Na vida há poucas alegrias e muitas desilusões...".
Não concordo com isso totalmente. Diria que a vida é feita com o tempero que você usa. Sem saber, naquela época comecei a usar os temperos certos para que não fosse minha vida nem tão triste, e nem tão solitária.

Um comentário:

Anônimo disse...

Estou gostando, mas gostaria de saber se é real ou imaginário...
De qualquer forma vc me prendeu.
Abraço.